Vamos falar sobre as sequelas do parto natural?

Antes de mais lamento o que lhe aconteceu.
Tenho 5 filhos, todos nascidos de parto normal,todos eles partos fáceis e rápidos.
De todos correu tudo muito bem, mas isto não invalida de concordar consigo e achar que se fala muito pouco do que pode correr mal num parto.
Muita força e desejo lhe do fundo do coração as melhoras.

Tive a minha primeira filha á 5 anos, e apesar de não ter sido horrível, a dor de sentir a cozerem na zona do perinio ainda a consigo sentir.
Durante quase 1 ano e meio não consegui ter nenhuma intimidade com o meu marido e isto desgastou o nosso casamento, porque há coisas que não conseguimos explicar mas é trauma da dor, do não reconhecermos o nosso corpo, o de não nos sentirmos bonitas, enfim, isto para dizer o que, que entendo, após um mês da minha filha nascer ainda não me conseguia sentar por causa dos pontos. Enfim! Hoje estou grávida de novo e não queria nada passar pelo mesmo mas vamos ver como corre

Lamento que tenha tido uma experiência tão dolorosa.
Não acho que se fale pouco, acho que não há quem queira ouvir. Não há disponibilidade para se ouvir "o menos bom" de qualquer situação, seja na gravidez, no parto, no pós parto ou com os próprios bebés, como se trouxesse azar ou se quem fala fosse negativa.
Peça outra opinião médica, peça ajuda, atualmente já há varias formas de melhorar a sua situação.
As melhoras

Olá

Tive o meu primeiro filho há 10 anos. O trabalho de parto foi rápido mas muito intenso, Durante 3 horas tive dores horríveis e mesmo quando levei a epidural, a dilatação foi tão rápida que nem teve tempo para fazer efeito. Quando foi na hora da expulsão, eu estava de rastos, parecia que tinha sido atropelada por um camião. Fiz tanta força que fiquei cheia de pintas vermelhas e fizeram me a epistemologia. Fiquei 2 semanas sem conseguir sentir. E depois a amamentação... não estava a espera que fosse tão dolorosa.
Enfim, foi assim uma episódio muito traumático para mim.
Quando voltei a engravidar, até tinha ataques de pânico só de pensar que teria de voltar a passar pelo mesmo.
Então escolhi um novo médico e fui sempre muito clara sobre os meus medos e como tinha sido o outro parto. Disse que não queria sofrer tanto e queria logo a epidural.
Repeti isso tantas vezes que assim que rebentaram as aguas deram-me logo a epidural e consegui sempre gerir as dores de forma a não sentir aquelas dores horríveis. Aliás, quando chegou o momento em que nem a epidural aliviava as dores que estava a sentir, percebi que tinha chegado o momento de ir para a sala de partos!
Como tinha sido tão verbal com o médico sobre os meus traumas, neste parto todos esses pontos foram tratados e não senti as dores nem fui cortada. Em compensação, demorei mais tempo a fazer a dilatação o que me causou ataques de ansiedade! Não fiz tanta força mas teve de nascer de ventosas o que fez com que não tivesse de ser cortada, somente rasgou um pouquito e fui cosida mas foi muito pouco. A recuperação foi também muito melhor, logo após ao recobro, já consegui ir ao wc sozinha sem problemas nem ardores e no dia seguinte já anda e sentava normalmente.

O meu primeiro parto também foi com forceps (parto induzido e bebé grande) e nunca mais voltei ao normal. Olhando para trás vejo a sorte que tivemos! Eu estou bem e o meu filho também (ficou com as marcas do fórceps na cabeça durante uma semana).
Apesar da episiotomia ter cicatrizado bem, os músculos sofreram. Foram meses com desconfortos e anos até aceitar que o corpo tinha mudado. 7 meses após o parto estava com uma depressão pós parto, por causa da (não) recuperação. Faço a vida normal, sem complicações, mas... é difícil explicar. Tenho receio a longo prazo, após a menopausa.
3 anos depois engravidei e fui abençoada com um parto natural (chorei de medo e, após a expulsão, de alegria). A diferença foi mesmo brutal! Passado uns dias estava bem. Mas a gravidez foi bem mais dura, fisica e psicologicamente (chorei muito com medo). O segundo parto salvou-me! Afinal eu também sou capaz de parir!
8 anos depois decidimos arriscar novamente. Por enquanto não penso no parto, mas espero voltar a ter um parto natural (sem toque maldoso, sem indução, ...). O bebé ainda é minúsculo e já noto o esforço extra no assoalho pélvico.
Ao início ainda desabafava com amigas e familiares mas percebi que ninguém me percebia e desisti. Como se a recuperação de um parto se limitasse ao que os outros vêm. Nesta gravidez poucos sabem que estou grávida.
Procure ajuda psicológica e, claro, um bom uroginecologista.
Se precisar de desabafar esteja à vontade.
Desejo-lhe uma boa recuperação.

Estou grávida do meu segundo filho. Do primeiro, sem hesitar um segundo, desde o primeiro minuto soube que queria cesariana. Morria de medo de acontecer qq coisa, não ter tempo de chegar ao hospital onde estava a ser seguida (privado) e me fazerem um parto normal.
A cesariana em si correu muito bem, mas depois de o ter e o dia a seguir foram horríveis. Não conseguia pegar no bebé, dar a mama só na cama, sentia-me incapacitada e fiquei desanimada com isso. A verdade é que a partir do 3º dia, comecei a recuperar a minha autonomia e quando regressei a casa, já vim sem dores e completamente autónoma.
Mas mantive viva na minha memória a lembrança de me sentir incapacitada nas primeiras horas de vida do meu filho e por isso, desta vez, o parto vaginal também está em cima da mesa...
Ler-vos, fez-me pensar que o que passei com a cesariana, posso passar com o parto vaginal, acrescentando a questão do local do corte, das consequências na sexualidade e na própria feminilidade...
Ora, parir de uma forma ou de outra, é sempre preciso um grande toque de sorte...

Felicidades para todas!

Olá Ina, Espero que estejas bem.
Compreendo uma pequena parte do que estás a passar, também fiquei com uma cicatriz mas com a fisioterapia pelvica o desconforto foi dimiundo. Não sei se no teu caso a fisioterapia é uma opção a considerar?!
Acho que após o parto a saúde da mulher deixa de ser prioridade, há uma consulta de revisão e está feito. Depois é a ideia que está enraizada na sociedade que a maternidade é só coisas boas. E as mulheres acabam por sofrer em silêncio e ter um sentimento de culpa que as persegue . Como já alguém disse acima, as pessoas não têm disponibilidade para nos ouvir sobre as questões do parto e facto de não nos sentirmos bem com o nosso corpo. Coragem neste caminho.