Pois é, já ando para cá vir pedir conselhos há imenso tempo mas, como a minha vida parece uma novela mexicana, fico com medo que digam que sou mais uma impostora.
Tenho 35 anos, a caminho dos 36. Filha única de pais que se separaram há pouco mais de 10 anos.
O meu pai voltou a casar e eu até me dou mto bem com a esposa.
Há uns 6 anos o meu pai veio falar comigo pq ia meter um processo de adopção e, aparentemente, é necessário a concordÂncia dos filhos já existentes.
Eu sempre quis um irmão. E sempre pensei que, um dia, gostava de adoptar. Por isso a minha resposta foi positiva.
Entretando o meu filho nasceu e a esposa do meu pai até é a madrinha pq, como gosta mto dele e esteve lá quando eu precisei e, na prática, não era nada ao David, eu quis que ela, ao menos, fosse a madrinha.
Depois do nascimento do David eles perderam um pouco a vontade mas eu incentivei e lá voltaram a ganhar mais fôlego para esta espera (a bem da verdade, o facto de, algumas vezes, em discusões, eu ter atirado à cara do meu pai que o David era MEU filho e que eu é que o iria criar e educar e que ele, o meu pai, tinha tido a hipótese de educar uma criança comigo e que, se não a tinha aproveitado, a culpa era dele, acho que ajudou a que ele voltasse a interessar-se pela ideia).
Há um mÊs e meio mais ou menos contactaram o meu pai e a esposa por causa de uma criança e eles hoje foram às ilhas (por motivos óbvios não quero ainda dizer onde) para irem conhecer e adoptar um rapaz de 11 anos.
Eu fiquei contente. Finalmente vou ser irmã. E poder ser tia... e tudo mais...
Mas tb fiquei mto apreensiva. O meu pai foi um péssimo pai. Nem tudo foi culpa dele mas ele não se portou À altura e (embora hoje saiba e compreenda que é difícil manter a calma com a minha mãe por perto) havia violencia física na minha casa. Vivi com ela. Era dos dois mas, claro, na altura, achava que era só dele.
Ele parece outra pessoa com a nova esposa (nem sei como dizer isto sem parecer mal) mas, a verdade, é que já lhe vi acessos de mau génio.
E é teimoso até à irritação. E já tem tido atitudes com o meu filho em que demonstra que não se sabe colocar ao nível de um miudo de 3 anos e compreendelo e...e...
Além disso, um rapaz de 11 anos, em plena crise de adolescência ou pré-adolescência, com uma vida já sofrida... Não sei como vai ser aquele embate de vontades e se a esposa do meu pai vai conseguir (ela nunca foi mãe mas é uma ótima pessoa) gerir aquilo e, se necessário for, tomar uma posição contra o meu pai e a favor do miúdo...
Enfim, estou em pânico. Sinto que, se ainda morasse com o meu pai, podia ser útil a amenizar as situações que podem ir surgindo mas já estou na minha casa, com um filho, e com as minahs próprias responsabilidades e problemas...
Queria pedir a quem já tenha estado numa situação parecida, conselhos. Como fazer o miúdo sentir-se bem vindo e que não tenho, de forma alguma, ciúmes dele? E que pode contar comigo para o que precisar?
Como posso auxiliar o meu pai a gerir um adolescente? Ele, além de não "ter gerido" a minha adolescência, eu era tb uma adolescente mto calma, que dei mto poucos problemas...
O que posso fazer para que tudo corra bem e não seja um desastre, uma hecatombe completa?
Obrigada e beijinhos
David: Amor da mãe, Adoro-te!!!
Acho que esses medos que tens são perfeitamente normais. Afinal, receber na nossa familia, para ser parte dela, alguém que já tem tanto peso de vida e, ainda por cima, numa idade complicada como é a adolescência, é muita coisa para gerir emocionalmente.
Quanto ao menino acho que vais conseguir ultrapassar as barreiras que se possam colocar. Se estás com esses medos é porque, mesmo sem o conhecer, já lhe queres o melhor. Agora é pôr a teoria em prática. Estar com ele sempre que possas, deixá-lo entrar na tua vida e na do teu menino, levá-lo a passear e ao cinema de vez em quando, mostrar-lhe coisas a que antes dificilmente (ou nunca) teve acesso. Mostrar-lhe que estás lá para ele e que quando quiser conversar pode contar contigo.
Da experiência que tenho, por já ter lidado e conhecido alguns meninos que estavam em inctituições, normalmente são crianças muito agradecidas de tudo o que têm e recebem. Mesmo as mais recatadas e timidas às quais inicialmente é dificil chegar quando se consegue quebrar a barreira são muito afectuosas. O que as crianças mais precisam (estas e todas as outras) é carinho, amor, atenção... Como os nossos filhotes que só querem atenção e que brinquemos com eles. A experiência da tua vida, do que tiveste ou não por parte dos teus pais em termos afectuosos, a experiência com o teu pequenino... tudo isso te vai ajudar.
Fazer ver ao teu pai certas situações é capaz de ser mais dificil. Mas, como tu própria disseste, ele está diferente, tem uma relação diferente e uma pessoa diferente ao lado dele. Tudo isso vai fazer com que a relação que ele vai ter com este menino seja diferente da que teve contigo. Mas se vires que deves dizer algo, não te acanhes, com calma faz-lhe ver que não esteve bem, que devia ter agido de forma diferente.
Desculpa o testamento e se calhar nem ajudei em nada porque isto tudo já sabias! Vais ser uma óptima mana mais velha!
Só para quem queira saber
Já conheço o meu irmão. Eles chegaram no domingo e segunda, como era feriado aqui e está bom tempo, fomos todos à praia.
Ele parece gostar de miúdos e o meu David adorou-o
Parece um bom miúdo mas, claro, muito carente.
De resto, o meu pai têm-no trazido todos os dias aqui para a clínica e ele fica a brincar com os animais, passeia (com o meu, digo, nosso pai), vÊ o canal Panda
E já lhe disse que, se precisar alguma vez de ajuda (ou até mesmo de desabafar), que pode falar comigo
Beijinhos
David: Amor da mãe, Adoro-te!!!
é uma idade muito dificil, fico tão revoltada com o sistema de adopções em pt.o porquê dessa criança, só passados 11 anos, conhecer uma familia nova, e estes 11 anos, o que poderá ter passado...
esta história, apesar de poder vir a ser muito feliz, deixa-me muito triste, não é justo.
dá-lhe todo o amor, sê a melhor das irmãs,pf